segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A Moeda STC- Sociedade Tipo II

Valorização e Desvalorização do Euro

A terceira fase da União Econômica e Monetária, que teve início em janeiro de 1999, foi marcada pela introdução do euro. Apesar das expectativas positivas sobre sua inserção no sistema financeiro internacional, como contrapeso à hegemonia do dólar norte-americano na economia global, o desempenho do euro ao longo do ano passado ficou aquém das expectativas das autoridades da Comissão e de diversos analistas econômicos. Com efeito, em 2000, o euro sofreu desvalorização de ate 25%, havendo atingido sua cotação mais reduzida frente ao dólar em outubro. Embora não haja consenso sobre as principais causas da desvalorização da moeda única, dois fatores vêm sendo citados frequentemente: a diferença do ritmo de crescimento entre a UE e os EUA e a necessidade de aprofundar e acelerar as reformas econômicas estruturais comunitárias.

Como resultado da redução da atividade norte-americana deve haver uma inversão dos fluxos de investimento da Europa para os EUA, o que poderia reforçar a valorização da moeda única. Nesse quadro de desaquecimento nos EUA, é possível que a situação do euro se afirme, especialmente se o diferencial das taxas de juros entre a UE e os EUA se reduzir. Outro fator relevante que deverá contribuir para a valorização do euro é a aproximação da data de sua circulação efetiva na economia, que deverá conferir uma maior credibilidade à moeda única.

A função principal do Banco Central Europeu consiste em garantir a estabilidade dos preços, ou seja, conter as pressões inflacionárias e manter a taxa abaixo do teto de 2,0% estabelecido pela instituição. As elevações da taxa de juros praticadas pelo BCE ao longo de 2000 tiveram como objetivo, conforme afirmaram autoridades do Banco, reduzir a taxa de inflação, que por sua vez aumentou em função da elevação do preço do petróleo e da desvalorização do euro, que encareceu as importações comunitárias. No terceiro trimestre do ano passado, o Presidente do BCE admitiu que um euro excessivamente fraco seria um fator preocupante para a economia internacional e decidiu adotar postura mais ativa com relação ao euro. Ademais das sucessivas elevações da taxa de juros do euro, que chegou ao nível atual de 4,75%, o BCE efetuou intervenção coordenada no mercado de câmbio em conjunto com os bancos centrais do G-7 (a primeira nos últimos 5 anos). Tanto essa intervenção coordenada quanto as intervenções unilaterais posteriores do BCE (realizadas em novembro), no entanto, não surtiram efeito positivo duradouro sobre a cotação da moeda única. No final do mês de outubro/2000, foi divulgada notícia de desaquecimento da economia dos EUA, o que produziu ligeira valorização da moeda única. Outro fato importante registrado em 2000 foi a vitoria do “não” no referendo na Dinamarca sobre a adoção da moeda única em setembro, que poderá fortalecer a posição dos setores contrários ao euro no Reino Unido e na Suécia, embora alguns analistas estimem que a adesão à moeda única é inevitável.

No final do ano, a divulgação de indicadores econômicos sinalizando um desaquecimento da economia norte-americana ocasionou uma valorização do euro frente ao dólar, após as sucessivas elevações da taxa de juros do euro e as intervenções coordenadas (G-7 e BCE) e unilaterais (BCE), as quais não surtiram efeito a curto prazo. Com efeito, entre a última quinzena de dezembro/2000 e as primeiras semanas de janeiro corrente, a cotação do euro atingiu quase USD 0,97, o que levou vários analistas a prever que o euro chegaria à paridade com o dólar no primeiro semestre de 2001. Essa cotação representa mais de 9% acima do nível registrado no início de dezembro de 2000, mas aproximadamente 5,5% abaixo da cotação verificada no início de 2000.

O euro registrou também ganhos significativos face ao iene japonês, atingindo, no início de 2001, seu nível mais elevado desde a primavera de 2000. O enfraquecimento do iene, cuja cotação caiu frente ao USD para seu nível mais baixo em 16 meses, está relacionado a novas dúvidas do mercado quanto ao vigor da recuperação econômica no Japão.

Outro fato importante do início do ano foi o ingresso da Grécia na zona euro, sendo o 12o Estado Membro da UE a adotar a moeda única. O cumprimento pela Grécia dos critérios de convergência para sua entrada na zona euro constitui fato importante para a economia daquele país e da zona euro. Por outro lado, tendo em conta sua reduzida dimensão relativa ao conjunto da zona euro, a entrada da Grécia não alterou basicamente as características da zona euro (aumento de 3,4% da população e de 1,9% do nível do PIB).


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